Conversar sobre menstruação com meninos é importante para ajudá-los a entender que a menstruação é normal e saudável, facilitando o convívio entre meninos e meninas, e aumentando seu respeito e participação nos cuidados sexuais e reprodutivos de suas parceiras 💜
E foi pensando nisso, que Cláudia Pacheco escreveu o livro “A Mamãe Sangra”, um livro infantil que conta sobre a menstruação e os processos reprodutivos femininos de forma simples e lúdica ✨
E como a gente sabe da importância de conversar sobre menstruação com cada vez mais pessoas, decidimos bater um papo com a Cláudia, para ela compartilhar um pouco de suas experiências com a gente! 🥰
1 – Claudia, obrigada por se permitir fazer essa entrevista com a gente, do Mundo Violeta 💜Primeiro gostaríamos que você contasse um pouquinho sobre o livro “A Mamãe Sangra” para a gente.
Eu quem agradeço a oportunidade! “A mamãe sangra” é um livro infantil sobre menstruação. É muito simples, amoroso e traduz o assunto para uma linguagem para crianças, falando sobre a importância do sangue menstrual, aproximando a criança do corpo da mãe e revelando a sua própria criação.
Compartilho com vocês a sinopse e um trecho do livro:
SINOPSE DO LIVRO
Joaquim é um menino esperto que gosta de brincar no jardim, certo dia ele descobre que a mãe sangra, fica um pouco confuso mas viaja para dentro do útero da sua mãe de onde ele e o sangue vieram. Sente uma conexão com aquele sangue que o nutriu dentro da barriga da sua mãe. Fica feliz em saber que as plantas também crescem como ele e sua irmã caçula quando alimentados por ele.
TRECHO DO LIVRO
“Joaquim ficou imaginando como era sua vida dentro da barriga da mamãe, ele até conseguia lembrar da sensação gostosa que era lá dentro.”
2 – Como veio a ideia e a inspiração para escrever o livro “A Mamãe Sangra”? A gente viu um pouco da sua história com o seu filho pequeno, o Joaquim… Nos fale um pouco sobre ela e se ela foi um dos estalos que te levaram a criar o livro.
O Joaquim é pura inspiração pra mim. Antes mesmo de engravidar dele, ele me inspirou a amar o meu corpo. Eu era considerada infértil pela medicina moderna, procurei a medicina natural e passei a reconhecer o sangue menstrual como essencial. Foi a minha virada de chave na vida.
Escrevi este livro na primeira menstruação pós nascimento da minha filha caçula. Meu filho mais velho me viu com sangue nas mãos e eu lembrei como foi a minha primeira experiência com o sangue menstrual, imediatamente vi uma oportunidade de mudar essa relação com ele. Ele reagiu tão bem e de forma mágica que só poderia ter virado um livro.
Eu me lembrei de como era pra mim ter amigos meninos que tinham nojo do sangue, tiravam sarro e me faziam desejar não ser mulher. Quando olhei os olhos do meu filho admirado por mim pensei que as amigas dele teriam o privilégio de um amigo que honraria a natureza do corpo delas.
3 – Como você enxerga a importância deste livro para a sociedade como um todo, e principalmente, para as pessoas que menstruam?
A Menstruação faz parte da vida de quase todas as mulheres, pelo menos uma vez por mês, 13 por ano. Algo tão comum e essencial para que uma mulher – e de forma ampla – uma sociedade continue saudável é tratada com desprezo socialmente.
Um sangue tão rico que é capaz de nutrir um embrião para que ele vire um bebê, pra onde vai esse sangue quando não está cumprindo a missão de vida uterina?
E pra quem não deseja ter um filho biológico o sangue menstrual (o sistema que resulta na menstruação) produz uma renovação celular importante pra saúde feminina. Nos ensinaram a ter vergonha de uma parte de nós, uma grande e poderosa parte.
A educação menstrual também é urgente e necessária, inúmeras meninas se deparam com a primeira menstruação sem saber do que se trata, causando traumas relacionadas a medo, vergonha e sensação de inadequação.
A maioria dos meninos só descobre essa rotina feminina na adolescência, usando a diferença para menosprezar as colegas. E mais uma vez as mulheres se sentem vulneráveis por não saber a força do seu sangue.
Aproveito para compartilhar aqui alguns trechos importantes do material de educação menstrual produzido pela Plan International, uma organização não-governamental humanitária, sem filiação política ou religiosa, presente em 70 países.
“Meninas são frequentemente excluídas de determinadas atividades durante a menstruação. Acredita que as meninas indianas não podem entrar na cozinha nem cozinhar quando estão menstruadas porque acham que elas podem estragar a comida? Ou que na Somália elas são proibidas de frequentarem mesquitas por serem consideradas sujas durante a menstruação.
Parece mentira, mas é a realidade de muitas meninas e mulheres.
Além disso, em algumas situações, a falta das opções adequadas para realizar a sua higiene durante esse período faz com que muitas faltem ao trabalho ou à escola. Algumas meninas não conhecem todos os produtos disponíveis para coletar o sangue da menstruação, ou não podem adquirir esses produtos por uma limitação econômica ou mesmo por causa de um tabu. Em alguns lugares, as meninas não têm acesso à água limpa e sabão ou não têm privacidade para fazer sua higiene íntima.
Mas não é só isso, o sentido negativo atribuído à menstruação faz com que muitas meninas tenham tanto medo que alguém perceba que estão menstruadas que preferem ficar em casa, perdendo compromissos importantes.
Sem os produtos adequados, ainda existe a possibilidade de acontecer o “vazamento”, ou seja, quando o sangue se torna aparente nas roupas, o que deixa as meninas completamente envergonhadas.”
4 – Nos conte um pouco sobre o processo de produção do livro, como foi para você como mulher e mãe, que realiza trabalhos com o feminino e estuda e pesquisa sobre culturas matrifocais, fazer essa criação?
Eu escrevi primeiro pra mim esse livro. Eu fiquei tão, tão empolgada com o Joaquim curtindo meu sangue que queria guardar pra mim. Não tinha ideia de que poderia ter o alcance que teve.
Depois quando lancei a campanha, ver que tantas mulheres ansiavam por ele me deixou muito empolgada.
Assim que começaram a chegar os depoimentos, fotos, vídeos das crianças lendo eu me emocionei demais. Vivo todo dia a esperança de uma sociedade que valorize o útero, o sangue e o corpo feminino na sua forma natural.
5 – E fala um pouquinho também sobre você, sobre a sua trajetória profissional, e sobre tudo que você fez que te possibilitou chegar até aqui, com essa criação linda e incrível.
Eu tenho 33 anos, sou relações públicas de formação, casada há quase 7 anos, empresária no ramo de terapias naturais, mãe do Joaquim de 3 anos, mestre em culturas matrifocais, mãe da Flora de 1 ano e escritora. Nessa ordem, rs.
Eu sempre trabalhei em projetos com mulheres. O mais audacioso foi dentro da penitenciária feminina do Paraná, aplicava um projeto que eu mesma desenvolvi para ressignificar a identidade feminina pra quem tinha perdido o papel social de mulher na sociedade (beleza e maternidade).
Com a tentativa de engravidar conheci as terapias naturais, as curandeiras, benzedeiras, mulheres medicina. Nunca mais parei de me encantar com esse mundo.
6 – Você percebeu alguma diferença ou tem alguma história interessante sobre o impacto do seu livro na sua família ou em pessoas que leram “A Mamãe Sangra”?
Muitas. Muitas histórias! Tem uma de uma conhecida que o companheiro se emocionou em saber o que a menstruação era e contou pros amigos por grupos de Whatsapp.
Outra em que os irmãos mais velhos apelidaram a caçula de flor (pq foi regada pelo sangue da mamãe).
Tem ainda as crianças que reconheceram o sangue do livro na menstruação de suas mães sem elas precisarem explicar e por último um depoimento de uma mãe que sempre odiou menstruar e com o livro aprendeu a respeitar o seu corpo.
Acho que os depoimentos das mães me emocionam mais porquê eu também vivi essa desconstrução e proporcionar isso é uma missão de vida pra mim.
7 – Que dica você daria para mães e pais que buscam naturalizar a menstruação para os seus pequenos, tornando este assunto muito mais saudável?
Leiam sobre menstruação. Se informem antes de passar qualquer conhecimento. Toquem o sangue. Cheirem o sangue (do coletor ou absorvente ecológico). E presenteiem os filhos de vocês com uma nova história sobre o sangue menstrual.
Quer conversar mais sobre o assunto? No perfil do Instagram da Violeta Cup publicamos conteúdos e interagimos com nossos seguidores para conversar sobre este e outros assuntos. Segue a gente lá!
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Menstruação para meninos? A Mamãe que Sangra responde!
Conversar sobre menstruação com meninos é importante para ajudá-los a entender que a menstruação é normal e saudável, facilitando o convívio entre meninos e meninas, e aumentando seu respeito e participação nos cuidados sexuais e reprodutivos de suas parceiras 💜
E foi pensando nisso, que Cláudia Pacheco escreveu o livro “A Mamãe Sangra”, um livro infantil que conta sobre a menstruação e os processos reprodutivos femininos de forma simples e lúdica ✨
E como a gente sabe da importância de conversar sobre menstruação com cada vez mais pessoas, decidimos bater um papo com a Cláudia, para ela compartilhar um pouco de suas experiências com a gente! 🥰
1 – Claudia, obrigada por se permitir fazer essa entrevista com a gente, do Mundo Violeta 💜Primeiro gostaríamos que você contasse um pouquinho sobre o livro “A Mamãe Sangra” para a gente.
Eu quem agradeço a oportunidade! “A mamãe sangra” é um livro infantil sobre menstruação. É muito simples, amoroso e traduz o assunto para uma linguagem para crianças, falando sobre a importância do sangue menstrual, aproximando a criança do corpo da mãe e revelando a sua própria criação.
Compartilho com vocês a sinopse e um trecho do livro:
Joaquim é um menino esperto que gosta de brincar no jardim, certo dia ele descobre que a mãe sangra, fica um pouco confuso mas viaja para dentro do útero da sua mãe de onde ele e o sangue vieram. Sente uma conexão com aquele sangue que o nutriu dentro da barriga da sua mãe. Fica feliz em saber que as plantas também crescem como ele e sua irmã caçula quando alimentados por ele.
“Joaquim ficou imaginando como era sua vida dentro da barriga da mamãe, ele até conseguia lembrar da sensação gostosa que era lá dentro.”
2 – Como veio a ideia e a inspiração para escrever o livro “A Mamãe Sangra”? A gente viu um pouco da sua história com o seu filho pequeno, o Joaquim… Nos fale um pouco sobre ela e se ela foi um dos estalos que te levaram a criar o livro.
O Joaquim é pura inspiração pra mim. Antes mesmo de engravidar dele, ele me inspirou a amar o meu corpo. Eu era considerada infértil pela medicina moderna, procurei a medicina natural e passei a reconhecer o sangue menstrual como essencial. Foi a minha virada de chave na vida.
Escrevi este livro na primeira menstruação pós nascimento da minha filha caçula. Meu filho mais velho me viu com sangue nas mãos e eu lembrei como foi a minha primeira experiência com o sangue menstrual, imediatamente vi uma oportunidade de mudar essa relação com ele. Ele reagiu tão bem e de forma mágica que só poderia ter virado um livro.
Eu me lembrei de como era pra mim ter amigos meninos que tinham nojo do sangue, tiravam sarro e me faziam desejar não ser mulher. Quando olhei os olhos do meu filho admirado por mim pensei que as amigas dele teriam o privilégio de um amigo que honraria a natureza do corpo delas.
3 – Como você enxerga a importância deste livro para a sociedade como um todo, e principalmente, para as pessoas que menstruam?
A Menstruação faz parte da vida de quase todas as mulheres, pelo menos uma vez por mês, 13 por ano. Algo tão comum e essencial para que uma mulher – e de forma ampla – uma sociedade continue saudável é tratada com desprezo socialmente.
Um sangue tão rico que é capaz de nutrir um embrião para que ele vire um bebê, pra onde vai esse sangue quando não está cumprindo a missão de vida uterina?
E pra quem não deseja ter um filho biológico o sangue menstrual (o sistema que resulta na menstruação) produz uma renovação celular importante pra saúde feminina. Nos ensinaram a ter vergonha de uma parte de nós, uma grande e poderosa parte.
A educação menstrual também é urgente e necessária, inúmeras meninas se deparam com a primeira menstruação sem saber do que se trata, causando traumas relacionadas a medo, vergonha e sensação de inadequação.
A maioria dos meninos só descobre essa rotina feminina na adolescência, usando a diferença para menosprezar as colegas. E mais uma vez as mulheres se sentem vulneráveis por não saber a força do seu sangue.
Aproveito para compartilhar aqui alguns trechos importantes do material de educação menstrual produzido pela Plan International, uma organização não-governamental humanitária, sem filiação política ou religiosa, presente em 70 países.
“Meninas são frequentemente excluídas de determinadas atividades durante a menstruação. Acredita que as meninas indianas não podem entrar na cozinha nem cozinhar quando estão menstruadas porque acham que elas podem estragar a comida? Ou que na Somália elas são proibidas de frequentarem mesquitas por serem consideradas sujas durante a menstruação.
Parece mentira, mas é a realidade de muitas meninas e mulheres.
Além disso, em algumas situações, a falta das opções adequadas para realizar a sua higiene durante esse período faz com que muitas faltem ao trabalho ou à escola. Algumas meninas não conhecem todos os produtos disponíveis para coletar o sangue da menstruação, ou não podem adquirir esses produtos por uma limitação econômica ou mesmo por causa de um tabu. Em alguns lugares, as meninas não têm acesso à água limpa e sabão ou não têm privacidade para fazer sua higiene íntima.
Mas não é só isso, o sentido negativo atribuído à menstruação faz com que muitas meninas tenham tanto medo que alguém perceba que estão menstruadas que preferem ficar em casa, perdendo compromissos importantes.
Sem os produtos adequados, ainda existe a possibilidade de acontecer o “vazamento”, ou seja, quando o sangue se torna aparente nas roupas, o que deixa as meninas completamente envergonhadas.”
4 – Nos conte um pouco sobre o processo de produção do livro, como foi para você como mulher e mãe, que realiza trabalhos com o feminino e estuda e pesquisa sobre culturas matrifocais, fazer essa criação?
Eu escrevi primeiro pra mim esse livro. Eu fiquei tão, tão empolgada com o Joaquim curtindo meu sangue que queria guardar pra mim. Não tinha ideia de que poderia ter o alcance que teve.
Depois quando lancei a campanha, ver que tantas mulheres ansiavam por ele me deixou muito empolgada.
Assim que começaram a chegar os depoimentos, fotos, vídeos das crianças lendo eu me emocionei demais. Vivo todo dia a esperança de uma sociedade que valorize o útero, o sangue e o corpo feminino na sua forma natural.
5 – E fala um pouquinho também sobre você, sobre a sua trajetória profissional, e sobre tudo que você fez que te possibilitou chegar até aqui, com essa criação linda e incrível.
Eu tenho 33 anos, sou relações públicas de formação, casada há quase 7 anos, empresária no ramo de terapias naturais, mãe do Joaquim de 3 anos, mestre em culturas matrifocais, mãe da Flora de 1 ano e escritora. Nessa ordem, rs.
Eu sempre trabalhei em projetos com mulheres. O mais audacioso foi dentro da penitenciária feminina do Paraná, aplicava um projeto que eu mesma desenvolvi para ressignificar a identidade feminina pra quem tinha perdido o papel social de mulher na sociedade (beleza e maternidade).
Com a tentativa de engravidar conheci as terapias naturais, as curandeiras, benzedeiras, mulheres medicina. Nunca mais parei de me encantar com esse mundo.
6 – Você percebeu alguma diferença ou tem alguma história interessante sobre o impacto do seu livro na sua família ou em pessoas que leram “A Mamãe Sangra”?
Muitas. Muitas histórias! Tem uma de uma conhecida que o companheiro se emocionou em saber o que a menstruação era e contou pros amigos por grupos de Whatsapp.
Outra em que os irmãos mais velhos apelidaram a caçula de flor (pq foi regada pelo sangue da mamãe).
Tem ainda as crianças que reconheceram o sangue do livro na menstruação de suas mães sem elas precisarem explicar e por último um depoimento de uma mãe que sempre odiou menstruar e com o livro aprendeu a respeitar o seu corpo.
Acho que os depoimentos das mães me emocionam mais porquê eu também vivi essa desconstrução e proporcionar isso é uma missão de vida pra mim.
7 – Que dica você daria para mães e pais que buscam naturalizar a menstruação para os seus pequenos, tornando este assunto muito mais saudável?
Leiam sobre menstruação. Se informem antes de passar qualquer conhecimento. Toquem o sangue. Cheirem o sangue (do coletor ou absorvente ecológico). E presenteiem os filhos de vocês com uma nova história sobre o sangue menstrual.
Quer conversar mais sobre o assunto? No perfil do Instagram da Violeta Cup publicamos conteúdos e interagimos com nossos seguidores para conversar sobre este e outros assuntos. Segue a gente lá!