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Elza, indispensável Elza

Uma força da natureza.

Apesar de clichê, essa, talvez, seja a melhor definição para Elza Soares.

Longe da fragilidade que o trono de onde canta em seus espetáculos – desde que realizou uma delicada cirurgia de coluna –, ou mesmo daquela que os seus 80 anos podem sugerir, Elza está mais viva, feroz e ativa do que nunca… Quer dizer, pelo menos para mim.

Particularmente, sempre vi em Elza um ídolo, mas hoje enxergo nela também um exemplo.

Protagonista de uma – na verdade, de muitas – história de lutas (e muitas derrotas, diga-se de passagem) às quais foi lançada por ser mulher e negra, Elza apostou em seu talento, mas principalmente em sua força de espírito para manter-se em pé e seguir em frente.

Em obediência ao seu pai, casou-se, pela primeira vez, aos 13 anos de idade. Aos 15, já havia dado à luz dois filhos que, algum tempo depois viriam a falecer por problemas de saúde. Proibida de trabalhar pelo marido, Elza tornou-se dona de casa. Aos 21 anos de idade ficou viúva, golpe que, com cinco filhos para criar, não teve sequer tempo para assimilar.

Começou a trabalhar como faxineira, empregada doméstica e operária– funções que exerceu por muitos anos –, mas sempre que podia se inscrevia em seleções musicais e mandava suas letras de músicas para rádios. Foi neste período, inclusive, que Elza sofreu outro importante abalo em sua vida: o sequestro de sua filha Dilma (reencontrada já adulta, muitos anos depois).

Por volta dos 25 anos, e já estabelecida como cantora, Elza começou a se relacionar com o jogador Mané Garrincha, fato que fez com que ela fosse hostilizada inúmeras vezes.

Apontada como pivô do divórcio do atleta (mesmo sabendo que o término do casamento do jogador ocorrera anos antes), Elza era vista como uma “inimiga do lar e da família”.

Parte considerável da torcida do Botafogo, time pelo qual o craque jogava, também não via o relacionamento com bons olhos e creditava todo tipo de problema de rendimento à “interesseira”, que queria apenas crescer às custas do atleta. Os amigos de Garrincha também a culpavam. Diziam que a infelicidade do jogador era causada em grande medida pela “marcação cerrada” que ela realizava sobre Garrincha, na tentativa de ajudá-lo (em vão) a contornar o alcoolismo.

Em 1982, o casamento entre a cantora e o jogador terminou. Um ano depois, o País – e sobretudo Elza – chorou a perda de Garrincha para a cirrose. Três anos depois, o filho deste relacionamento, Manoel Francisco dos Santos Filho, o “Garrinchinha”, faleceu em um acidente automobilístico, tragédia que fez com que Elza chegasse a tentar suicídio e, depois, deixasse o Brasil por alguns anos.

Mesmo com as cicatrizes – que por mais antigas que sejam, permanecem doloridas – Elza sempre fez questão de sorrir e de cantar como se tivesse um saxofone na boca (como disse Louis Armstrong sobre ela, na década de 60) e de falar o que pensa, sempre.

Em entrevista à revista Época, em 2016, depois do lançamento de seu último disco, “A Mulher do Fim do Mundo”, Elza afirmou inclusive que, apesar de ter sido muito julgada e criticada, se considera a primeira cantora feminista do Brasil e que acha que, como artista, tem a obrigação de se posicionar.

Disse também, com a propriedade que só uma Elza Soares poderia ter, que “já passou o tempo de sofrermos caladas. Está na hora de gritar”, mensagem que fica perceptível quando ouvimos o álbum que, cá entre nós, é um dos mais inspiradores dos últimos anos.

E você? Já ouviu o álbum da Elza “A Mulher do Fim do Mundo”? Se já, escreve aqui pra gente dizendo o que achou. Se não, corre lá no Spotify. Você não vai se arrepender ????

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